ÌPILÈSE ÀIYÉ
GÊNESE – A CRIAÇÃO DO MUNDO
Segundo a tradição religiosa dos nagôs igbominas, em um tempo incontável, Olódùmarè, ao atravessar os nove espaços sagrados do Cosmo, defrontou-se com uma vasta imensidão negra, vazia e sem forma cobrindo todo o Universo. Ao se defrontar com esta massa caótica, disse o Criador Excelso: “Haja a Luz!”. Neste momento, um clarão de proporção incalculável e inigualável percorreu toda a extensão lúgubre e desabitada. Não houve um lugar sequer aonde a “Luz do Criador” não tenha chegado.
Ele a admirou, abençoou e, em seguida, retirou-se para sua morada, o “Ibùgbé Sese Sánmà” (A Morada do Justo).
Este foi o Primeiro Dia da Criação do Mundo.
No dia seguinte, quando passeava por entre a “Luz”, disse o Criador: “O meu espírito neste vasto espaço se dividirá duplamente: A primeira divisão se chamará Èlà – Aquele que será o Ajuste dos Destinos Infelizes – A Salvação. Nele, estarão contidos todas as modalidades do destino individual de cada ser existente sobre a face da Terra. A segunda se chamará Òrunmìlà – Aquele que conhecerá o interior das pessoas – O Salvador”.
Em seguida, disse o Criador: “Haja o espírito da atmosfera, Afefe– Òtun – O lado direito. O espírito do vento. A vida. Ele dominará as nuvens, a névoa, a luz e a vida.
Haja o espírito do fogo – Iná. Ele dominará o Sol, o calor e a tolerância. Nele estará contido o Homem que por mim será criado.
Haja o espírito da água, Omi-Òsi – O lado esquerdo. Ele dominará a chuva, o frio, a noite, a morte, o período do florescimento, os períodos quentes e os das colheitas. Nele estará contida a Mulher que por mim será criada.
Haja o espírito da sabedoria, o âmago, a verdade – Èmí Ojúlòmò. Ele dominará as idéias, as expressões, a delicadeza e o bem-querer”.
Este foi o segundo dia da Criação do Mundo
No dia posterior, quando passeava por entre a Luz, a Atmosfera, o Fogo e a Água, disse o Criador: “A Luz possuirá eternamente um local para surgir e descansar. O seu surgimento será chamado de Òyè e seu descanso, de Asãlè. Entre ambos haverá o meio-dia, que será o Õrùnkàntarí – A claridade; e a meia-noite, Òganjó – A escuridão”.
Este foi o terceiro dia da Criação do Mundo.
Após o terceiro dia da criação do Mundo, disse o Criador ao passear pelo infinito: “Abaixo da atmosfera, separadas uma das outras, estarão as águas doces e salgadas. Entre elas haverá uma vasta extensão de lama, que, mediante a ação do Iná (O Espírito do Fogo) e da ação do Omi (O espírito da Água), tornarão a terra úmida e fértil. Nela e dela todos os seres por mim criados se alimentarão e tirarão seus proveitos”.
“Este foi o quarto dia da Criação do Mundo”.
E assim, após ter realizado sua magnificente obra, Olódùmarè retirou-se, retornando ao “Ibùgbé Sese Sánmà”, de onde continua abençoando o mundo por toda a eternidade.
Bibliografia: PENNA, Antonio dos Santos. Èjì Ologbon Àwon Àmúlù – Òyèkú e suas Combinações. Páginas 23 e 24 – Produção Independente: RJ, 2003.